segunda-feira, 5 de maio de 2008

Contestações e Críticas


Queridos Amigos,

Seguem abaixo várias contestações e defesas aos métodos alternativos para prevenção e tratamento da dengue. A maioria das críticas aplicam-se exatamente aos textos que publicamos aqui no blog. Percebam, entretanto, que o paradigma que norteia essas almas é intimamante ligado aos grandes interesses de indústrias e labortórios, ou seja, tentam ridicularizar as percepções populares, muitas delas baseadas em anos de observação e experimento.


Uma medicina especialista somente em supresão sintomática nada pode criticar. Muitos são os especialistas e PhDs que também defendem as metodologias alternativas e os métodos não convencionais que incentivamos. Mas, mesmo estes, acabam sendo execrados e marginalizados pela dita comunidade científica por não atenderem aos interesses imediatos dos chefes que tudo comandam!

Minha sugestão é que busquemos sempre informações com cientistas e pesquisadores que (utilizando vocabulário popular) não tenham "rabo preso" com comerciantes e industriais. Tenham certeza que certos laboratórios, intersados em maneter a população viva porém doente, ficam extremamente felizes cada vez que céticos criticam as perspectivas naturais e defendem seus produtos caros.


Segue, então, abaixo, a reportagem crítica que mencionei. Acho justo que também ocupem este espaço pois cada um deve julgar por si e, como disse, fazer opções entre terapias, métodos e técnicas. Há nesse material muitas opiniões a favor daquilo que temos publicado...


Saudações fraternas,


Alexandre Pimentel


Especialistas revelam as verdades e mentiras sobre métodos

alternativos de tratamento e prevenção da dengue


Publicada em 29/04/2008 às 10h46mSimone Intrator - Globo Online
RIO - Em tempos de epidemia de dengue, em que um dos maiores medos da população do Rio é um mosquito, o que não faltam são soluções circulando no boca a boca e na internet para afugentar o inseto, combatê-lo, prevenir a doença ou amenizar seus sintomas. Como é senso comum pecar pelo excesso, há de tudo: pessoas passando complexo B na pele (dizem que o cheiro da vitamina espanta o Aedes aegipty); ingerindo uma fórmula homeopática que circulou por email e evitaria a doença; enchendo-se de repelente de duas em duas horas; comendo inhame de manhã, à tarde e à noite; jogando vinagre em todos os compartimentos com água; tomando gotas e gotas de própolis; e rezando para o Senhor do Bonfim. Preces à parte, O GLOBO ONLINE foi consultar especialistas das mais diversas especialidades para ver o que, em meio a tanto zunzunzum, é ou não é o fim da picada.

Complexo B


Os especialistas rejeitam a idéia de ingerir complexo B para espantar o mosquito e garantem que não estudo científico que comprove que passá-lo na pele ajudaria a repelir o Aedes. Para o médico homeopata e professor Cláudio Araújo, a dose necessária para ser ingerida e repelir o mosquito pode até ser tóxica ao organismo:

- Precisaríamos ingerir o suficiente para transpirar vitamina B. É muito!
Antonio Sergio da Fonseca, médico e sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz, também é enfático ao contra-indicar o complexo B:


- Não há uma confirmação científica, nem consenso sobre o uso da vitamina. Sabemos que existe um certo efeito repelente ao mosquito produzido pelo complexo B. Quanto à dosagem, à aplicação e à garantia de proteção, não há nada certo.

Repelentes


O fitoterapeuta Alex Botsaris garante que o único repelente natural com comprovação científica, por estudo desenvolvido pela Fiocruz, é a andiroba:


- Eu sugiro o óleo de andiroba para o corpo e as velas para a casa. Não sei de estudos que garantam a eficácia da citronela, por exemplo - diz ele, que faz também as recomendações tradicionais: calça comprida e meia: - O Aedes não pica por cima da roupa. Em casa, indico ainda a tela de mosquito. Ninguém sabe quando nos livraremos do mosquito.


Antonio Sergio da Fonseca, no entanto, levanta dúvidas também sobre a andiroba:


- As pesquisas iniciais, feitas na Fiocruz, apontavam efeito repelente. Mas, no momento, a sua aplicação ganhou um interesse comercial tamanho que fugiu do nosso alcance a forma de comercializaçã o e a eficácia destes produtos - explica ele. - O uso de repelentes não é uma garantia de que a pessoa não será picada pelo mosquito, porém certamente o efeito repelente de produtos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, inclusive aqueles à base de citronela, promovem um certo grau de proteção. Os intervalos de uso recomendados devem ser respeitados para que se possa ter o efeito desejado. Alguns problemas de natureza alérgica podem surgir com o uso destes produtos, principalmente se o uso for além do recomendado.
O homeopata Cláudio Araújo explica que tem recomendado citronela para seus pacientes:


- Podem não ser 100% eficientes, mas ajudam bastante. O uso diário dos repelentes tradicionais não é a melhor solução, principalmente para crianças alérgicas. Não podemos esquecer que a pele absorve cremes, pomadas e várias outras substâncias que podem vir agregadas. Usá-los por alguns dias não é problema algum. Mas estamos falando de, provavelmente, meses de uso.

Inhame


Emails que circulam na internet garantem que o inhame teria efeito depurativo e sua presença no sangue permitiria uma reação imediata à invasão do mosquito, neutralizando o agente causador da doença antes de ele se espalhar pelo corpo. Ingerir o alimento uma vez por dia, segundo o email, teria efeito preventivo. O presidente do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais, Roberto Leal Boohrem, contesta:


- O inhame não tem ação antiviral, não é depurativo nem desintoxicante. Algumas plantas aumentam a resistência imunológica, como a equinácea, mas não é bom recomendá-la em casos de dengue porque sua presença no organismo reduz a visibilidade plaquetária do sangue. O inhame pode eliminar toxinas do organismo de forma geral, mas não tem relação com toxinas de bactérias ou vírus.


O homeopata Cláudio Araújo acredita o inhame seja eficaz para aumentar a imunidade, mas que para esta epidemia de dengue só será benéfico para quem ingere o alimento há tempos.


- Começar agora é sempre bom, mas seu efeito será lento e progressivo. É saudável acrescentar o inhame à nossa alimentação diária. Mas como medida de prevenção, fica faltando uma pesquisa séria.


O medo de Antonio Sergio é outro:


- Tenho receio de que as pessoas negligenciem o tratamento e a prevenção da doença, acreditando estarem protegidas com o uso do inhame ou qualquer outro produto sem comprovação científica.


Propólis


Outra mensagem que está correndo na internet e foi creditada à Unicamp - que já pôs em seu site um desmentido sobre a pesquisa, desvinculando a universidade dos resultados ( leia íntegra da mensagem) - é a de um pesquisador de Florianópolis, Gilvan Barbosa Gama. Segundo ele, bastaria tomar algumas gotas diárias da subtância para que o mosquito mantivesse distância. O própolis exalaria pelo suor dois dos seus princípios ativos (flavona e vitamina B), repelentes de insetos.


- Acho interessante todos os esforços possíveis da comunidade científica na busca de soluções para este grave problema de saúde pública. Mas, para o tratamento da dengue, não existe droga eficaz em eliminar o vírus do organismo, tampouco capaz de controlar as reações imunológicas que acompanham as formas graves da doença. O tratamento deve ser sintomático para febre, dor e hidratação com soro caseiro e outros líquidos de forma abundante. Nas formas graves, são necessários hidratação venosa e outros cuidados hospitalares - explica o médico da Fiocruz.
O homeopata Claúdio Araújo complementa:


- O própolis é conservado em iodo. Imagine a quantidade de iodo que se vai tomar para essa prevenção! Coitadas das tireóides, vão enlouquecer.


Borra de café e vinagre


O vinagre seria útil como larvicida, garante uma pesquisa empírica desenvolvida no Centro de Controle de Zoonoses, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Segundo o pesquisador Valdemar Correr, coordenador do projeto de Combate à Dengue de Piracicaba, seu uso faria com que o governo economizasse dinheiro valendo-se de um ingrediente presente em qualquer cozinha brasileira. O mesmo, desta vez com defesas de outros pesquisadores, poderia ser dito da borra de café: nos vasos de planta, impediria a procriação do Aedes. Nada disso, garante o especialista da Fiocruz:


- Não temos consenso sobre o uso da borra de café e nem qualquer garantia de proteção. Seria leviano da minha parte afirmar que não tem efeito tampouco afirmar sua eficácia. A melhor conduta ainda é e sempre será combater os criadouros não deixando água empoçada. Sobre o vinagre, é tudo falso - explica Antonio Sergio.


Homeopatia

A médica Ana Teresa Doria Dreux, vice-presidente do IHB (Instituto Hahnemanniano do Brasil) e professora adjunta da Clínica Homeopática da Unirio, não tinha a intenção de criar polêmica. Mas, ao divulgar e prescrever uma fórmula homeopática que criou em 1998 contra a dengue, criou um zumbido enorme ao seu redor.


- Reuni cinco medicamentos da homeopatia que cobrem todos os sintomas da dengue. Uso este tratamento com muito sucesso, em casos incontáveis, sem queixas de agravações ou patogenesias, há de mais de nove anos. O fundamento está em Hanneman: usar o gênio epidêmico, já que numa crise como está não há como individualizar o tratamento. A homeopatia deve ser utilizada como preventiva em qualquer epidemia, desde que se observem critérios para escolher o medicamento ou o complexo apropriado, na dinamização apropriada. Isso é um assunto sério e estou à disposição das autoridades. Não ganho nada com isso, não tenho comprovações, só relatos e mais relatos de pessoas que obtiveram sucesso com a fórmula homeopática - garante ela.

Para Cláudio Araújo, no entanto, os medicamentos homeopáticos para uma determinada epidemia devem sempre ser estudados a partir da própria epidemia. O medicamento que deu certo anteriormente corre o risco de não estar indicado pra epidemia atual.

- Principalmente devido ao fato de a dengue atual ser do subtipo 2. A medicação que está sendo divulgada é uma mistura para o tipo 1 e 3, que foram as cepas virais que nos afligiram em 2002 - explica ele.

Segundo o médico, ele está de acordo que a homeopatia pode ajudar bastante em qualquer caso de infecção por dengue: atenuando os sintomas, diminuindo o tempo de infecção e prevenindo a fase hemorrágica.

- Mas, para isso, é necessário que um médico homeopata atenda ao paciente. Hahnemann, o fundador da homeopatia, acreditava que o medicamento mais indicado para uma determinada epidemia poderia ser administrado em indivíduos que ainda não haviam contraído a doença, de alguma forma os protegendo de um futuro contágio. Ainda não temos esse medicamento (ou esses medicamentos) , mas eles já estão em fase de testes.


A seus pacientes e à população de um modo geral (ele lembra que há médicos homeopatas tratando na rede pública, a custo zero para os pacientes), Cláudio Araújo recomenda que procurem um médico homeopata caso suspeitem de estar com dengue.

- A melhor forma, como sempre, é tratar o mais cedo e o mais rápido possível. Por incrível que pareça, os casos a que pude assistir da epidemia atual eram menos violentos, embora mais demorados, que a epidemia de 2002. Isso me leva a acreditar que outros fatores (como desnutrição, uso de medicamentos hepatotóxicos, demora no atendimento, o próprio estado clínico do paciente anterior à infecção e muitos outros) podem estar associados a esses casos letais - conta.


A médica Ana Tereza procura não polemizar. Garante que nesta epidemia já tratou diversos casos com a fórmula que elaborou para a epidemia de 1998, com sucesso. Que não quer convencer colegas, nem autoridades, apenas ajudar à população.


- Deixo claro que não temos documentos comprobatórios. Não tenho interesse em fazer sensacionalismo. O que posso lhe garantir é que a dengue pode ser muito facilmente tratada com a homeopatia e não é privilégio meu: qualquer homeopata experiente fará o mesmo. Evidente que é imperativo o exame de sangue para acompanhar os leucócitos e as plaquetas e a hidratação com soro sempre que possivel.


Chá de cravo e outros chás


O médico Radjalma Cabral de Lima conta em email que envia pela internet e em artigo que publicou em site que quando trabalhou num hospital da Cooperativa Pindorama, ribeirinha ao Rio São Francisco, enfrentou uma epidemia de dengue na comunidade rural com chá de cravo amarelo. "Em todos os casos que havia dor muscular ou articular generalizada com febre, independentemente do diagnóstico, orientei a enfermagem que ministrasse goles do chá ainda morno, ao mesmo tempo em que solicitei que a cozinheira continuasse preparando mais chá, conforme a necessidade. Ao final da maratona, reuni a equipe, agradeci a colaboração e informei que sou membro de uma instituição beneficente, onde existe uma entidade de preservação ecológica e que este serviço que faço com as ervas é em nome desta Associação Novo Encanto. Ao final de três semanas não havia mais uma epidemia de dengue e, sim, uma epidemia de cravo nos jardins. Há dois anos estou em Rio Branco (Acre), trabalhando também com medicina comunitária, onde, quando responsável pela população do bairro Mauri Sérgio (900 famílias), nossa equipe dominou a epidemia de dengue em menos de um mês", diz ele em email.


Segundo o médico Alex Botsaris, se o relato for verídico, vale organizar um estudo para comprovar essa ação do cravo.


- Mas só pelo relato não está claro exatamente até onde o cravo atua, se reduz os sintomas da doença, se também reduz a gravidade e o tempo de doença. Se atua no vírus eliminando-o. Várias perguntas precisam ser respondidas para termos alguma segurança para inicar esse fitoterápico.


Botsaris diz que, para uma validação clínica, é preciso controlar o que aconteceu com todos os doentes que ingeriram o medicamento e comparar a um grupo não-tratado sob as mesmas circunstâncias clínicas:


- Isso é para evitar que um fator externo influencie na avaliação do medicamento testado.
De um modo geral, o especialista em plantas fitoterápicas indica chás à base de hortelã, manjericão, gengibre e canela.


- Quem tem muita náusea, pode tomar o de gengibre. Muita diarréia, o de canela. Para dor de cabeça, funcionam bem os de melissa e camomila.


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